Opa! Esta semana terei um desafio a enfrentar: contar estórias usando origami. Pouco conheço desta arte, embora a admire muito. Pesquisando por aí achei um blog bem interessante, de uma jornalista chamada Eva Duarte. Nele, a Eva fala de uma experiência que teve com um texto do Mário Quintana, que tomo a liberdade de reproduzir aqui, com a mesma ilustração que ela usou.
"Velha história
Era uma vez um homem que estava pescando, Maria.
Até que apanhou um peixinho.
Mas o peixinho era tão pequenininho e inocente,
e tinha um azulado tão indescritível nas escamas,
que o homem ficou com pena.
E retirou cuidadosamente o anzol
e pincelou com iodo a garganta do coitadinho.
Depois guardou-o no bolso traseiro das calças,
para que o peixinho sarasse no quente.
E desde então ficaram inseparáveis.
Aonde o homem ia,
o peixinho acompanhava,
a trote,
que nem um cachorrinho.
Pelas calçadas.
Pelos elevadores.
Pelos cafés.
Como era tocante vê-los no “17”! – o homem, grave, de preto, com uma das mãos segurando a xícara fumegante de moca,
com a outra lendo jornal,
com a outra fumando,
com a outra cuidando do peixinho,
enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava uma laranjada por um canudinho especial ...
Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois fora pescado.
E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas.
E disse o homem ao peixinho:
- Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubar-te mais tempo ao carinho do teu pai, da tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta para o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste ...
Dito isso,
verteu copioso pranto e,
desviando o rosto,
atirou o peixinho na água.
E a água fez um redemoinho,
que depois foi serenando, serenando...
até que o peixinho morreu afogado."
Imagino só a carinha das crianças fazendo as dobraduras :)
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