domingo, 18 de julho de 2010

Palavra Cantada

Sandra Peres e Paulo Tatit

Faz pouco tempo que conheci esse grupo maravilhoso, formado pela Sandra Peres e pelo Paulo Tatit. É uma dupla de músicos extremamente talentosa, formada em 1994 com a proposta de apresentar músicas infantis - resultado de composições próprias e de pesquisas - de uma forma lúdica, bem arranjada, produzida e cuidada. A Sandra Peres parece uma bruxinha encantada, daqueles que mexem seu caldeirão só para produzir poções mágicas e espalhar o bem. Tem uma voz macia e uma performance muito bacana. O Paulo Tatit é um músico muito talentoso, formando com a Sandra uma dupla fantástica, que já produziu dezenas de cd's  e clipes que recomendo com entusiasmo a pais e a educadores:

Discografia e DVD's: “Canções de Ninar” (1994); “Canções de Brincar” (1996); “Cantigas de Roda” (1998); “Canções Curiosas” (1998); “MilPássaros”(1999); “Noite Feliz” (1999); “Canções do Brasil” (2001); “Meu Neném” (2003); CD e DVD “Palavra Cantada 10 anos” (2004); DVD “Clipes da TV Cultura”; “Pé com Pé” (2005); DVD "Canções do Brasil" (2006); DVD "Pé com Pé"(2007); CD "Carnaval Palavra Cantada"(2008); "Palavra Cantada Tocada"(2008); "Canciones Curiosas - palabra cantada en español"(2008).

Ah, o grupo se apresentou ontem, no Caldeirão do Huck, com "Mamãe Água", a música vencedora do concurso promovido pela Natura para destacar a importância da água. Foi lindo...

Conheça mais um pouco do Palavra Cantada aqui e veja na seção "Apresentação de contadores" o vídeo da música "O rato", que dá uma bela  estória para ser cantada e contada.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Conto: "A agulha e a linha" - Machado de Assis

Estava assistindo hoje ao programa Mundo da Leitura, no Futura, quando apresentaram um conto que eu já tinha lido há muito tempo: "A agulha e a linha", de Machado de Assis. É muito interessante e serve para ilustrar um duelo entre o orgulho e a humildade.

"A agulha e a linha"
Machado de Assis

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
- Deixe-me, senhora.
- Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável?
- Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça.
- Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
- Mas você é orgulhosa.
- Decerto que sou.
- Mas por quê?
- É boa ! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
- Você?! Esta agora é melhor. Você que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...
- Também os batedores vão adiante do imperador.
- Você, imperador?
- Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em  casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela.
Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser.
Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana - para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
-Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?  Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas.
A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
- Ora, e agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanado a cabeça:
- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária.

Fazendo bonecas de papel e colorindo desenhos

Bonecas de papel para recortar e brincar
Hoje eu voltei ao passado. Estava procurando desenhos para imprimir para minha filha colorir quando encontrei um blog sobre bonecas de papel. Gente, que delícia! Revi as bonecas da minha infância, lembrei de como eu era, ainda tão tenra, criança cheia de sonhos, risonha, encantada com o mundo dos livros, do faz-de-conta... Eita, que coisa mais gostosa! E eu queria partilhar isso com você, que está lendo esta postagem agora. Talvez também lhe traga boas recordações. O blog é o Bonecas de Papel. Vale a pena visitar!

Ah, hoje estava no banheiro, em uma atividade rotineira, quando minha filha, que vai fazer 2 anos no mês que vem, entrou e sentou-se em sua cadeirinha-penico. Ela queria conversar e eu tentei argumentar que estava fazendo "aquilo", que não era um bom momento para ela ficar comigo... hehehe... mas ela nem quis saber. Queria ficar "boigo", que é como ela fala "comigo". Pois bem, pensei e logo tive uma ideia. Peguei um livro que estava lendo, da Betty Coelho sobre a Arte de Contar Histórias (excelente, recomendo), e comecei a contar a estória da menina bailarina que estava na capa. Gente, ficou uma estória tão legal, a menina ganhou um par de sapatilhas encantadas que acabaram virando um pesadelo (tipo aquela estória dos sapatinhos vermelhos), mas foi salva pela mãe (resumindo muito, que depois posto aqui a estória completa, do jeito como contei para Vivi), que senti vontade de correr pro computador e digitá-la antes que eu me esquecesse dela... Pois é, criatividade é que nem músculo, tem que exercitar sempre!

Sim, antes que eu me esqueça de outra coisa: estava falando dos desenhos para colorir. Imprimi muitos para minha filha, de princesas, Turma da Mônica, Barbie e tal, desse site - http://www.desenhosparaimprimir.org/. Montei a mesinha dela, com os lápis de cor e de cera, canetinhas, borrachas e tudo o mais e coloquei os papéis para ela pintar. Ela a-d-o-r-o-u!!!

E falando em desenhos para colorir, achei um artigo interessantíssimo, que achei legal publicar aqui:


"Por que atividades de colorir são importantes?


Colorir desenhos é uma atividade tão natural para as crianças como dormir e chorar. Muito mais do que formas aleatórias, colorações monocromáticas ou rabiscos quase ilegíveis, o ato de colorir é extremamente importante nos artistas de palmo e meio, incentivando o desenvolvimento de várias e essenciais capacidades.

Expressão pessoal - Desenhar e colorir são formas de expressão pessoal por excelência das crianças, que nem sempre conseguem exprimir-se adequadamente através da fala ou da escrita. Vários estudos já comprovaram que é bastante fácil perceber o que alguém está a sentir através das imagens que desenha ou das cores que utiliza para colorir. Por exemplo, uma criança que desenha facas, pistolas, caveiras ou outros objetos perturbantes pode estar a pedir ajuda. Por outro lado, uma criança que desenha o sol, passarinhos, corações ou outros objetos alegres, pode estar a expressar o seu contentamento,a sua forma feliz de ver a vida. É um exercício excelente para desenvolver personalidades e deixar a criatividade fluir!

Identificação das cores - A maioria das crianças tem a sua primeira (e muitas vezes única!) exposição à roda das cores e ao conceito de arte, graças às brincadeiras infantis com lápis de cor, de cera e marcadores. Aprender a distinguir as diferentes cores bem cedo, é meio caminho andado para perceber as suas várias e corretas aplicações, bem como possíveis misturas entre cores primárias e secundárias, mais tarde.

Uma forma de terapia - O simples ato de colorir pode ser terapêutico para muitas crianças e é uma atividade utilizada em muitos hospitais, centros de aprendizagem e instituições para possibilitar o descarregar de emoções, sentimentos e frustrações. Uma criança zangada pode perfeitamente pintar o seu desenho de uma árvore toda preta, a tal ponto que a própria figura deixe de ser visível. De outra perspectiva, uma criança organizada, que gosta das coisas à sua maneira, pode colorir o seu desenho meticulosamente, sem ultrapassar qualquer linha do mesmo. Independentemente da forma como vai colorir ou desenhar, esta é uma excelente forma de acalmar as crianças.

Aprender a segurar e a controlar - Um lápis de cera é, para muitas crianças, o primeiro objeto que aprendem a segurar, para o poderem controlar. Dominar um lápis de cera é a rampa de lançamento para conseguirem dominar as restantes ferramentas de colorir lápis de cor, marcadores, pincéis e, mais tarde, os de escrita caneta e lápis. Quanto mais bem desenvolvidas estiverem as suas capacidades de segurar e de controlar um lápis de cera, mais facilitada será a sua aprendizagem mais tarde, quando começarem a escrever.

Coordenar para pintar - O desenvolvimento da coordenação olho-mão é outra grande lição que as crianças retiram das suas sessões de colorir. Desde segurar firmemente o lápis de cera, a reconhecer as cores que devem ser utilizadas, até ao ato de afiar os lápis, a verdade é que colorir desenhos implica uma enorme coordenação entre os olhos e as mãos. Quanto mais praticarem, mais vão desenvolver esta aptidão tão básica para a vida.

Aperfeiçoamento das capacidades motoras - Colorir é divertido, não é? Pois é! Mas também é muito mais do que isso enquanto as crianças se entretêm a colorir, interagindo com marcadores, tintas, lápis de cor, de cera e papel, estão a trabalhar e a fortalecer os músculos das mãos. Colorir exige uma coordenação básica e um esforço conjunto entre os músculos dos braços e os das mãos que, uma vez desenvolvidos, permitirão às crianças executar atividades mais exigentes, mas com dificuldade mínima.

Concentração máxima - As crianças que se dedicam a 100% à coloração dos seus desenhos fazem-no na perfeição: não há espaço que fique por preencher, nem linha que tenha sido cruzada! E isto por quê? O simples ato de colorir tem a capacidade de prender a atenção de uma criança, estimulando a sua concentração máxima, mesmo face a um ambiente barulhento como uma sala de aula ou na cozinha antes da hora de jantar. Com o passar do tempo, os seus níveis de concentração vão continuar a melhorar.

Estabelecer limites - Uma criança mais nova não saberá respeitar as linhas do seu desenho tão bem como uma criança mais velha que já faz um esforço enorme para colorir dentro das mesmas mas depressa ela chega lá! E ainda bem! Reconhecer e respeitar estes limites (mesmo que sejam os de um desenho!) é uma excelente experiência e método de aprendizagem para aquilo que se segue: escrever letras e números nas linhas de um caderno!
Missão cumprida!

A satisfação e o sorriso na cara de qualquer criança que consegue colorir um desenho inteiro dentro das linhas, é uma vitória muito importante para os artistas de palmo e meio! O sentido de cumprimento, de que tudo é possível, é fundamental para as crianças porque dá-lhes motivos para se sentirem orgulhosos, capazes, confiantes e, claro, para ser congratulado pela sua comunidade mais imediata. Para além disso, é um sentimento de missão cumprida que dificilmente esquecerão."

Ouça a estória "O galo rouco e o rato esperto", da Cigana Contadora de Estórias!

Apresentações de contadores de estórias

Palavra Cantada - O rato
Clara Haddad - O coelho e o baobá

Cia Ópera na Mala - A sopa de pedras do Pedro

Cia Ópera na Mala - Pedro Malazartes e o pássaro raro

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