sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Conto: "Os três carneirinhos"

Já estou na 29ª semana da minha gestação. Pesada demais e sem fôlego para minhas apresentações. Principalmente porque gosto muito de me mover pelo espaço onde conto minhas estórias. Gosto de mexer com o público, afinal eu sou uma cigana, pois não? Depois que meu bebê nascer, se Deus quiser no final de janeiro, eu ainda terei um tempo de resguardo para me recuperar, mas quero logo voltar a contar as minhas estorinhas. Sinto falta disso. Tenho tanta coisa planejada! E fiquei ainda mais contente quando recebi a correspondência da Biblioteca Nacional confirmando o registro do meu primeiro livrinho infantil, "Galo rouco? Tem rato no sino!" Meu primo, Arthurzinho (que assina Art Kopinits), é quem está fazendo as ilustrações. A estória é bem legal, acho que as crianças vão gostar muito.

Bem, nesse meio tempo, em que estou meio que retirada da vida externa, tenho acompanhado a TV Brasil. Excelente programação. Ontem, ao colocar minha filha, Victoria, que completou 1 ano e 4 meses, para dormir, assisti à contação da estória dos três carneirinhos. Parece que é uma versão de um conto do folclore norueguês, "Three Billy Goats Gruff", coletado por Peter Christen Asbjørnsen e Jørgen Moe em sua coletânea Norske Folkeeventyr. Pesquisando na internet, vi que a Xuxa cantou uma versão musicada. Aqui vai, em minha tradução e adaptação:

"Há muito tempo atrás havia três carneirinhos que gostavam de subir a colina para encher as barriguinhas, e o nome de todos os três era "Gruff".

No caminho para a colina, havia uma ponte sobre um riacho que eles tinham que atravessar. E debaixo da ponte morava um troll horroroso, com olhos grandes como pratos e um nariz tão longo quanto um graveto.

Então, primeiro de todos, veio o carneiro mais novinho para cruzar a ponte.

- Trip, trap, trip, trap! - fez a ponte.

- Quem está trotando na minha ponte? - berrou o troll.

- Oh, sou eu, o menor dos carneirinhos Gruff, e eu estou subindo a colina para encher a minha barriguinha. - disse o carneiro, com uma voz bem baixinha.

- Ah, então agora eu vou encher a minha barriguinha com você! - disse o troll.

- Oh, não, por favor, não me devore! Eu sou muito pequenininho! - disse o carneiro. - Espere até que o segundo de nós venha. Ele é muito maior.

- Ah, está certo. - disse o troll - Pode ir embora!

Um pouco depois, chegou o segundo carneiro para cruzar a ponte.

- Trip, trap, trip, trap, trip, trap! - fez a ponte.

- Quem está trotando na minha ponte? - berrou o troll.

- Oh, sou eu, o segundo dos carneirinhos Gruff, e eu estou subindo a colina para encher a minha barriguinha. - disse o carneiro, com uma voz que não era tão baixinha como a do irmão caçula.

- Ah, então agora eu vou encher a minha barriguinha com você! - disse o troll.

- Oh, não, por favor, não me devore! - disse o carneiro. - Espere até que o mais velho de nós venha. Ele é muito maior.

- Ah, está certo. - disse o troll - Pode ir embora!

O maior carneiro de todos estava chegando bem naquela hora.

- Trip, trap, trip, trap, trip, trap! - fez a ponte, e o o carneiro era tão pesado que a ponte estalou debaixo dele.

- Quem está trotando na minha ponte? - berrou o troll.

- Sou eu, o grande carneiro Gruff, e eu estou subindo a colina para encher a minha barriga! - respondeu o maior de todos os carneirinhos, em uma voz que nada tinha de baixinha.

- Ah, então agora eu vou encher a minha barriguinha com você! - disse o troll.

- Pode vir! - respondeu o carneiro - Eu tenho dois chifres enormes e vou furar seus olhos, vou segurar e levantar você e jogar bem longe!

Aquilo foi o que o carneiro, que era o maior de todos, disse. E bem dito, bem feito. Ele correu até o troll, o agarrou com seus chifres e o jogou bem longe, lá embaixo no riacho. E depois disso, muito calmamente, atravessou a ponte e subiu para a colina, onde se juntou aos seus dois irmãos e encheu a barriga com a grama bem verdinha.

E o troll? Ah, ninguém nunca mais ouviu falar dele..."

***

Ilustração da capa do livro "The Three Billy-Goats Gruff", de Val Biro - Editora Star Bright Books, 1998 - ISBN 1887734465, 9781887734462 - 32 páginas

9 comentários:

  1. Querida, que este bebê venha cheio de energia !
    Esta historia eu conheço e conto há tempos, pois faz parte de "repertório Waldorf"...só que são -para mim- "Os 3 bodes Bruses". Os menores adoram e dão muita risada quando se conta para eles.Uma delícia !!! Nunca tinha visto "o livro", e agradeço por isto. Bjs,Betty

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  2. Olá querida Cigana Gabriela,espero que esteja gozando de saúde. Desejo-a muitos momentos felizes ao lado de seu filho e que muita criatividade esteja esbanjando de sua mente... Recentemente fui surpreendido com o nome desse conto, que infelizmente nao conhecia até agora. Fiquei mais feliz ao lê-lo. Ele será repassado a muitos amigos meus educadores que se deliciarão com sua narrativa tão bem apresentada por você. Abraços... Denis Carlos Tiago de Camocim-Ce

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    1. Opa, fico muito feliz que você tenha gostado desse conto, Denis! Muito grata também pela bela mensagem e desculpe por ter demorado tanto a responder. Só vi seu comentário agora... Um grande abraço!

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  3. Vim ver esse conto por causa do meu jogo que mostrava tres carneiros atravessando a ponte e em baixo da ponte havia um troll morto XD

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  4. Obrigada, amigos, pela visita e pelos comentários! Vocês não sabem a força que me dão quando escrevem para mim, dando seu feedback!

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