quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Olha com o foi divertida a Hora do Conto do Horror!


Opa!
Foi muito divertida a nossa sessão de estórias, ontem à tarde, na Hora do Conto da Biblioteca Álvaro Lins/Sesc, com as crianças do Projeto Habilidades de Estudo - PHE e da Jornada Ampliada 

Contei "A quase morte de Zé Malandro", de Ricardo Azevedo, "O laço amarelo", versão de S.E. Schlosser, e "Tilly", versão de Martha Hamilton e Mitch Weiss, essas duas traduzidas e adaptadas por mim.
Depois das estórias - com direito a gritos, sustos e gargalhadas - foi a vez de uma pequena competição, o do "jogo dos 12 erros do horror". Até os professores entraram na brincadeira  
O vencedor levou um saco de pipocas, mas todo mundo ganhou prêmio pela participação. Foi uma tarde muito massa e o Sesc Caruaru está de parabéns por estar sempre promovendo e incentivando a leitura, principalmente entre as crianças. Meus agradecimentos, ainda, a Mário Fernandes e a Moacir Silva, da Biblioteca do Sesc, e a Luzinete Lemos, gestora da entidade.

As fotos são de Lucas e Victoria Vargas.



segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Conto: "A quase morte de Zé Malandro"

Zé Malandro era boa pessoa, mas malandro que nem ele só. Em vez de trabalhar como todo mundo, preferia passar a vida zanzando e jogando baralho. Ou então ficava deitado na rede, folgado, tocando viola de papo para o ar. Por causa disso era pobre, pobre, pobre.
Certo dia, estava em casa preparando o jantar, um pouquinho de feijão e um pedaço de pão seco, quando bateram na porta. Era um viajante. O homem, muito velho, pedia um pouco de comida.
— Entre aí — disse Zé Malandro. — Onde um quase não come, dois quase não vão comer também.
Os dois riram.
Após o jantar, o viajante agradeceu muito e contou que tinha poderes mágicos.
— Você foi muito generoso repartindo a comida comigo — disse o velho viajante. — Em retribuição pode me fazer quatro pedidos. Por exemplo — sugeriu ele —, se quiser, pode pedir para ser protegido pelo resto da vida.
Zé Malandro pensou e disse:
— Prefiro ter o dom de ser invencível no baralho.
— Concedido — disse o velho. — Por exemplo, se quiser, pode pedir perdão para todos os seus pecados.
Zé Malandro pensou e disse:
— Prefiro ter uma figueira que quem subir nela só desce com minha ordem.
— Concedido — disse o velho. — Por exemplo, se quiser, pode pedir sua salvação.
Zé Malandro pensou e disse:
— Prefiro ter um banco que quem sentar nele só sai com minha ordem.
— Concedido — disse o velho. — Por exemplo, se quiser, pode pedir, quando morrer, para ir para o céu.
Zé Malandro pensou e disse:
— Prefiro ter um saco de pano que quem entrar dentro só sai se eu mandar.
O velho coçou a cabeça, concedeu, despediu-se e seguiu viagem.
A partir daquele dia, Zé Malandro plantou um pé de figo ao lado de sua casa e nunca mais se preocupou com nada vezes nada. Passava o dia inteiro ou deitado na rede de papo para o ar ou jogando baralho. Como ganhava todas, sempre tinha dinheiro para comprar comida, roupa e as coisas de casa. Era tudo de que o Zé precisava.
Mas o tempo é invisível. Passa dia e noite e ninguém vê.
A figueira virou uma árvore frondosa e Zé Malandro acabou ficando velho. Muito velho.
Certa noite, bateram na porta de sua casa. Era a Morte vestida com uma capa preta.
— Zé, pode se preparar. Sua hora chegou — disse ela segurando uma foice.
— Mas como! — exclamou ele espantado. — Já? Deve haver algum engano! Ainda me sinto tão bem!
A Morte não era de muita conversa.
— Se está pronto, vamos.
Zé Malandro baixou a cabeça.
— Posso fazer um último pedido? — perguntou ele com lágrimas nos olhos. — Quero comer um figo antes de morrer.
— Pode ser — disse a Morte. — Mas ande logo com isso.
— O problema — explicou Zé Malandro retorcendo o corpo de lado — é que estou meio velho e já não consigo trepar na árvore para pegar uma fruta.
E implorou:
— Por favor, dona Morte, faça isso por mim! É o último desejo de um pobre velho miserável raquítico esclerosado caindo aos pedaços!
A Morte resmungou mas aceitou. Subiu na árvore, arrancou um figo e lá ficou. Não conseguiu mais descer de jeito nenhum.
Zé Malandro deu risada, despediu-se e foi jogar baralho.
Deixou a Morte presa lá em cima, furiosa.
Com a Morte aprisionada no alto da figueira, a confusão na cidade onde Zé Malandro vivia foi geral. Como ninguém mais morria, os coveiros e fabricantes de caixões ficaram sem trabalho. Os médicos e hospitais perderam a clientela.
E, além disso, houve desemprego, pois as pessoas não se aposentavam mais nem cediam lugar para as outras mais jovens. E o pior: a população começou a aumentar muito.
— Isso é contra a natureza! — gritava a Morte revoltada, agarrada nos galhos da figueira. — Você tem que me deixar sair daqui!
E a Morte insistiu tanto, explicou tanto, argumentou tanto que Zé Malandro acabou cedendo.
— Mas só deixo você descer se me der mais sete anos de vida — disse ele.
A Morte não tinha outro jeito. Acabou concordando.
E assim, Zé Malandro continuou sua vidinha folgada de sempre, feliz da vida, jogando baralho, cada vez mais velho, cada vez mais invencível.
Sete anos passam depressa.
Certa noite, bateram na sua porta. Era um homem estranho, de cara feia, chapéu e paletó escuro.
— Zé, se prepare — disse o homem. — Sua hora chegou.
— Quem é você? — quis saber Zé Malandro.
— Sou o Diabo — respondeu o outro, tirando o chapéu e mostrando dois tristes chifres. — A Morte não quis vir de jeito nenhum, mas me mandou no lugar dela para buscar você.
— Mas como! — disse o Zé espantado. — Já? Deve haver algum engano!
O Diabo caiu na gargalhada.
— Não venha com essa conversa mole. Já estou avisado sobre você. Vamos embora agorinha mesmo. Ou vai me pedir pra subir na figueira? Nessa eu não caio!
Zé Malandro baixou a cabeça.
— Posso fazer um último pedido? — perguntou ele com lágrimas nos olhos. — É muito importante. É o último desejo de um pobre velho miserável raquítico esclerosado
caindo aos pedaços. Queria tomar um traguinho de cachaça antes de abotoar o paletó. Você me acompanha?
O Diabo lambeu os beiços.
— Até que não é má ideia!
— Sente-se aí enquanto eu pego os copos e a pinga — disse Zé Malandro, puxando o banquinho.
Dito e feito. O Diabo sentou e de lá não saiu mais.
— Me tira daqui! — gritou ele, assustado.
Zé Malandro deu risada, despediu-se e foi jogar baralho.
Com o Diabo preso no banquinho, acabaram-se os crimes na cidade. As cadeias ficaram vazias e os guardas, delegados, advogados e juízes preocupados em perder seus empregos. Além disso, como as pessoas agora só falavam a verdade, começou a haver muita confusão porque as verdades são muitas. Mas o pior não foi isso. Acontece que o Diabo passava o dia inteiro sentado no banquinho gritando, guinchando e falando os piores palavrões.
— Cala a boca! — dizia Zé Malandro.
— Minha mulher me mata! — berrava o Diabo furioso. — Saí para buscar você já faz mais de um ano e ainda não voltei pra casa! Quando eu voltar ela me arrebenta!
— Diga a ela que você ficou preso num banquinho!
— Ela não vai acreditar! Me solta, Zé Malandro, por favor, que a Diaba me quebra a cara!
Cansado daquela figura resmungando dia e noite dentro de casa, Zé Malandro acabou cedendo.
— Mas só deixo você sair se me der mais sete anos de vida — disse ele.
O Diabo não tinha outro jeito. Acabou concordando.
E assim, Zé Malandro continuou sua vidinha folgada de sempre, feliz da vida, jogando baralho, cada vez mais velho, cada vez mais invencível.
O tempo passou. No dia em que se completaram sete anos, Zé Malandro fechou a casa inteira bem fechada só deixando uma janelinha destrancada. No quarto, debaixo da janela, colocou seu saco de pano bem aberto.
Naquela mesma noite, o Diabo apareceu, ele e sua mulher.
A Diaba não tinha acreditado nem um pouco na história do banco e dessa vez quis vir junto com o marido.
O Diabo bateu na porta. Nada. Bateu de novo. Nada.
Acabou descobrindo a janelinha aberta e entrou com a mulher por ela.
Os dois foram parar dentro do saco de pano e lá ficaram.
Zé Malandro apareceu com um pedaço de pau na mão e começou a bater no saco.
— Socorro! — berrava o Diabo.
— Me acuda! — berrava a Diaba.
O casal dos infernos passou o ano inteirinho dentro do saco tomando pancada todo santo dia.
No fim, Zé Malandro cansou. Estava velho demais e até um pouco gagá. Soltou o casal de diabos que fugiu mancando apavorado. Dias depois, o Zé fechou os olhos e entregou a rapadura.
Foi direto para as profundezas do inferno.
Ao chegar lá bateu na porta. Apareceu o Diabo que, ao vê-lo, recuou assustado e começou a gritar:
— Vai embora! Aqui você não entra! Cai fora, Zé Malandro! No inferno você não fica!
Sem saber direito o que fazer, Zé Malandro foi até o céu e bateu na porta. Apareceu São Pedro. O santo fez cara feia.
— Você não quis ser protegido, não quis perdão para seus pecados, não quis a salvação nem vir para o céu. Agora, não tem jeito. Vai embora! No céu você não fica.

E assim, sem ter para onde ir, Zé Malandro achou melhor voltar para a Terra. Dizem que até hoje anda por aí, invencível, jogando seu baralhinho.

Olha a Cigana no Festival Recifense de Literatura!

Optcha!
A apresentação da Cigana Contadora de Estórias na tarde de ontem, no XIV Festival Recifense de Literatura, no Recife Antigo, foi uma delícia!

Contei "O misterioso caso dos rabos trocados" - uma divertida aventura de um macaco e uma onça - do meu livro "Era uma vez.... estórias de uma contadora de estórias", e "A casa mágica", de Maria Amélia de Almeida.
Junto com Amélia, mostrei brinquedos tradicionais da cultura popular, como pião, boneca de pano, mané gostoso, peteca e bola de meia, contando a estória de uma menininha que ganhou uma linda boneca de louça no seu aniversário de 5 anos. As crianças - e os pais, principalmente - adoraram! Maria Clara, minha sobrinha de 8 anos, não resistiu e subiu ao palco para mostrar como se pula corda 
Depois das estórias, sessão de autógrafo e uma visita aos estandes, onde encontrei duas preciosidades para compor meu acervo de boas estórias: "Alexandre e outros heróis", do mestre Graciliano Ramos, e "Histórias da Velha Totônia", de José Lins do Rego. Também namorei "Anquinhas e Bernardas", do saudoso Mario Sette (http://www.mariosette.com.br/obra_anquinhas.shtml), em quem me baseei para fazer meu projeto de conclusão do curso de Comunicação Social/Jornalismo pela UFPE - "Arruando pelo Recife", nos idos do século passado 
Foi um evento muito bacana e a Prefeitura do Recife, que promoveu a feira, a Cepe, a minha editora, que o apoiou, os participantes que compraram a ideia e os artistas que se apresentaram estão de parabéns! Que venha a próxima edição!
As fotos são de Victor Vargas/Guanabara Comunicação.




























sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Palestra na Fafica

Opa!
Como foi legal a nossa palestra ontem, na Fafica, sobre a contação de estórias como ferramenta de ensino e de aprendizagem, dentro da bela programação da psicopedagoga Hélida Nogueira, em comemoração ao Dia Nacional da Educação Infantil.

Comecei contando a estória "Carne de língua", de Ilan Brenman, uma linda parábola sobre a importância de se ouvir e de se contar estórias. Falei sobre o uso das estórias em sala de aula, aplicabilidade das estórias, como contá-las, onde encontrá-las, que tipo de estória contar e o bem que elas fazem a todos, no processo do ensino e do aprendizado. "Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas, porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno", disse o escritor e educador Rubem Alves e foi isso que eu defendi ontem no auditório cheio de educadores e pedagogos de Caruaru e municípios próximos, como Riacho das Almas e Toritama.
Também falei sobre a enorme importância e responsabilidade que o educador tem para a formação da personalidade e determinação do futuro da criança. O bom educador pode fazer a criança acreditar que ela pode ir muito mais além, ao passo que o educador que não tem amor pelo que faz - e para quem o faz - pode, com uma palavra mal colocada, destruir para sempre um espírito ainda tenro e tornar essa criança um adulto fracassado.
Ao final, contei mais uma bela estória: "De pouco se faz muito", de Phoebe Gilman, um conto judaico que fala que sempre podemos criar alguma coisa a partir de outra, basta criatividade, e fiz o sorteio de um exemplar autografado do meu livro de estórias infantis "Era uma vez...", da Cepe Editora. A sortuda foi a Profª Clivian Mayara, de Riacho das Almas 
Defendi e defendo as estórias em qualquer lugar onde haja relações humanas. Principalmente em ambiente escolar. As estórias, além de entreterem - que é a sua função principal - curam e aproximam as pessoas, que é exatamente do que precisamos nesse tempo em que o virtual nos distancia, nos isola e nos enfraquece. Somos todos um. Aí é que reside a nossa força.
As fotos são de Janikeli Baltazar. De parabéns a Profª Hélida, a sua equipe e todos que participaram dessa noite tão instrutiva!




Poesia: "A lenda da mandioca"

Esta linda poesia conta a origem da mandioca - para nós, aqui de Pernambuco, macaxeira e para o povo do Sul, aipim. 
Eu a encontrei no site Universo do Cordel. Outra versão em prosa, que achei muito interessante, foi a do livro "Caldeirão de Histórias", de Priscila Camargo, da Ed. Rocco.


Numa tribo certa vez

Ocorreu a gravidez
Da filha de um cacique
Sendo ela não casada
De pronto, é interpelada
Para que ao pai se explique

"Com ninguém tive contato
Nunca pratiquei o ato"
Insistia a indiazinha
Pro seu pai era maldita
Pois nela não acredita
Que sina a da pobrezinha

Um sonho o chefe tem
Uma voz a ele vem:
"Na filha creia, meu caro"
Transcorrida a gestação
É menina, que emoção
O bebê branquinho, claro

O espanto foi geral
Porque era especial
De cor incomum ali
Pr'aquele bebê nascido
Um nome foi escolhido
Batizaram de Mani

Já era muita surpresa
A pele alva, pureza
Que a neném apresentava
Não bastasse, já sabia
Caminhar, quando nascia
Ademais, também falava

Ainda com tenra idade
Ano e pouco, que maldade
Aquela pobre inocente
Sem doença, sem razão
Prostrou-se naquele chão
E dormiu eternamente

Uma morte fulminante
Sem aviso, num instante
Para aldeia grande abalo
Na própria oca enterrada
Seu sepulcro a mãe amada
Todo dia ia regá-lo

Algum tempo se passou
No dito lugar brotou
Vegetal desconhecido
Aquela terra escavaram
Contudo não encontraram
O corpo do ser querido

De novo, a tribo se espanta
Raízes grossas da planta
Naquele solo surgiram
Por fora casca marrom
Miolo de branco tom
Assustados, ele viram

Cozinharam as raízes
E, provando, bem felizes
Bradaram: "isso é presente
Por Tupã foi enviado
Merece ser celebrado
Pois mata a fome da gente"

A homenagem foi feita
A menininha a eleita
Sua memória se enfoca
Na oca a raiz nasceu
Dessa forma recebeu
Este nome: "Manioca"

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Hora do Conto com Teatro de Fantoches

Optcha!

Foi muito legal a Hora do Conto, ontem, na Biblioteca Álvaro Lins, com as crianças do Pré I da Escola do Sesc (Profª Isabela). A estória contada foi "O Príncipe Canário", do escritor Ítalo Calvino, que você confere aqui: http://ciganagabriela.blogspot.com.br/…/conto-o-principe-ca….
A técnica utilizada foi a do teatro de fantoches.
Esse teatro eu fiz no final de semana - com a colaboração preciosa dos meus pequenos amores - com material reciclável e coisas que eu já tinha em casa, como papelão, palitos de churrasco, pedaço de uma saia velha (a cortina), tinta acrílica, cola branca, cola quente e jornal para empapelar. Os fantoches foram feitos com caixinhas de pasta de dente, palitos de picolé, bolinhas de isopor para a cabeça, tinta acrílica, glitter, tinta 3D, papel machê caseiro (cola+água+papel higiênico), lã, papelão e TNT.
Foi muito divertido e as crianças gostaram bastante 
Na próxima semana, eu volto à Biblioteca Álvaro Lins para contar estórias de terror e assombração para as crianças do Projeto Habilidades de Estudo - PHE/Sesc Caruaru.
Que vivam as estórias!

As fotos são de Victoria Vargas.











terça-feira, 23 de agosto de 2016

Domingo tem a Cigana Contadora de Estórias no Recife Antigo


No próximo domingo (28), às 16h, a Cigana Contadora de Estórias, personagem da escritora e jornalista Gabriela Kopinits, vai estar no XIV Festival Recifense de Literatura "A Letra e a Voz", que acontece a partir desta quarta-feira (24) no Recife Antigo. O evento, promovido pela Prefeitura do Recife, este ano terá como tema as mulheres e o objetivo é divulgar e incentivar a produção literária feminina. Gabriela vai contar estórias do seu livro “Era uma vez...” e “A casa mágica”, de Maria Amélia de Almeida, ambos da Cepe Editora, uma das parceiras do festival.

Além da contação de estórias, haverá palestras, debates, oficinas literárias e uma feira de livros com dezenas de expositores. O XIV Festival Recifense de Literatura “A Letra e a Voz” será realizado na Av. Rio Branco, no Bairro do Recife Antigo, e também em bibliotecas públicas da capital. O horário do evento é diferenciado: na quarta e na quinta, será das 17h às 21h; na sexta, das 14h às 21h; e no sábado e domingo, das 9h às 21h.

Guanabara Comunicação

Foto: Victor Vargas

Conto: "O semeador de tâmaras"

Esta versão vem do livro El saber es más que la riqueza, de  Silvia Dubovoy O semeador de tâmaras Em um oásis perdido no deserto, o velho El...