Do maravilhoso "Un mundo de cuentos - cuentos populares de los cinco continentes", de Anna Gasol e Teresa Blanch, ilustrado por Mercè Lopez (2012, Editorial Juventud, Espanha), trago este conto da Eslováquia, traduzido e adaptado por mim.
"O saco do riso
Era uma vez um pequeno diabo que não era muito esperto. Um dia, Lúcifer, o príncipe das trevas, o chamou e lhe disse:
- Os humanos zombam de você. Se não resolver isso, terei que lhe expulsar do inferno.
O pequeno diabo começou a tremer. Para um demônio, esse era o pior dos castigos. Tinha que pensar e encontrar uma solução. Depois de muito pensar, teve uma ideia e imediatamente a colocou em prática: roubou o riso dos humanos, colocou-o dentro de um saco e levou para o inferno.
A partir daquele dia, os humanos viraram seres tristes, taciturnos e mal humorados e o pequeno diabo virou o demônio preferido de Lúcifer.
Cá em cima, na superfície, a preocupação era geral. Era necessário recuperar o riso, ninguém aguentava mais viver naquela melancolia toda e, com esse objetivo, de todos os cantos da terra, saíram homens valentes dispostos a ir até o inferno dispostos a trazê-lo de volta. No entanto, todos fracassaram e, ainda pior, quando chegavam às portas do inferno, os diabretes os transformavam em javalis e outros animais selvagens.
Muito tempo depois que o pequeno diabo roubou o riso, um pastor chamado Pavel quis tentar a sorte. Por isso, preparou um pequeno farnel com provisões e saiu de casa decidido a encontrar a entrar do inferno.
Andou dias e noites sem encontrar nenhuma pista que o levasse até ali.
Uma noite, chegou à beira de um bosque de mata cerrada. Estava cansado e buscava um lugar para repousar. Ao longe, lhe pareceu ver um brilho. Ele entrou na mata e seguiu a luz, chegando até uma cabana habitada por uma velhinha que lhe abriu a porta e lhe ofereceu hospitalidade para passar a noite.
- Muito grato, boa senhora! - disse ele. - Meu nome é Pavel e vou em busca do riso que há tempos os diabos nos roubaram. Se o encontrar, poderemos finalmente voltar a rir e a vida será mais alegre.
Na manhã seguinte, a velhinha lhe mostrou um cavalo encilhado que pastava num prado perto da cabana.
- Monta neste cavalo e toma este martelo e esta gaiola que contém um passarinho - eles lhe serão muito úteis. Boa sorte na sua jornada!
Pavel montou no cavalo e imediatamente saiu a galope. Ao entardecer, o cavalo parou no meio de um campo imenso.
"Necessita descansar", pensou Pavel. "Aproveitarei para dormir um pouco. Mas, antes de mais nada, tenho que achar um toco para amarrar o cavalo".
Procurou um tronco robusto e começou a pregá-lo no chão com o martelo que a velhinha lhe tinha dado. Tinha dado algumas poucas marteladas quando, do chão, surgiram centenas de diabretes.
- Está maluco??? - berraram todos de uma vez. - Você fez um buraco no teto do inferno!
- Estou apenas preparando as fundações para a igreja que vai ser construída aqui. - respondeu Pavel sem nem piscar pois sabia que os coisa-ruins têm verdadeira aversão por igrejas.
Os diabos, furiosos, pulavam ao redor de Pavel, soltando berros e palavrões.
- Se você parar de bater no solo - lhe disse o mais terrível de todos - lhe daremos o que pedir.
- Está bem, aceito! - disse o rapaz. - Só quero uma coisa: o riso que vocês nos roubaram.
- Não, isso não! Nem pensar! - responderam os diabretes.
- Como queiram... - respondeu Pavel e recomeçou a martelar a estaca.
Lúcifer havia ouvido tudo. Chamou os diabos de lado e lhe mandou que entregassem a Pavel o saco onde estava preso o riso dos humanos. Pavel prendeu o saco no lombo do cavalo, agradeceu o obséquio do príncipe das trevas e se foi galopando.
Lúcifer não ficou muito contente com aquilo e acabou se arrependendo do que fez. Chamou o diabrete que havia roubado o riso e o mandou ir atrás do jovem e tomar o riso de volta.
- Se os humanos recuperarem o riso - disse a ele - o mundo voltará a ser alegre e isso não é nada conveniente para nós.
Como o diabrete era rápido, logo alcançou o rapaz. Claro que este se negou a lhe devolver o saco, embora soubesse que tinha poucas chances de vencer um demônio. Sua cabeça dava voltas, procurando uma solução, quando lembrou que ainda tinha a gaiola com o passarinho que a velhinha havia lhe dado. Talvez conseguisse enganar o diabinho.
- Lúcifer mandou que me entregassem o saco, - disse Pavel - mas para que veja que sou razoável, lhe proponho um trato. Cada um de nós vai lançar uma pedra para cima. Quem conseguir jogá-la mais longe, será o vencedor e poderá levar o saco.
- De acordo! Eu começo! - aceitou o diabrete, que adorava participar de disputas.
Escolheu uma pedra e a lançou a tal altura que levou quase uma hora para ela cair no chão.
Enquanto isso, Pavel havia tirado o passarinho da gaiola sem que o diabrete visse e o lançou para cima como se fosse uma pedra. O passarinho, claro, ao se ver livre voou com quantas penas tinha e logo sumiu entre as nuvens.
Passou uma hora, duas, duas e meia, três... e o pequeno diabo continuava com a cabeça levantada olhando para o céu para ver se a pedra aparecia.
- Já está vindo! - gritou Pavel de repente - e deu-lhe um forte cascudo na cabeça.
Enfurecido por ter perdido a aposta, o diabrete deu meia volta e desapareceu numa explosão fedorenta em uma nuvem de fumaça negra.
Satisfeito e agradecido pelos presentes da velhinha, Pavel correu pelo mundo, montado em seu cavalo, para devolver o riso a todos os habitantes da terra."
GASOL, Anna Maria, e BLANCH, Teresa. Un mundo de cuentos - cuentos populares de los cinco continentes. España: Editorial Juventud, 2012.
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