segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Texto: "Formas de apresentação das histórias"

Passei um bom tempo sem escrever nem postar nada aqui no blog, envolvida com os preparativos da festinha de um ano da minha filha, Victoria, e com o planejamento do meu trabalho como contadora de estórias nesse segundo semestre. Já nesse mês de agosto, devo participar, novamente, da Feira de Livros da Livraria Estudantil, aqui em Caruaru. É um evento muito legal, com a participação de escritores e a visita de crianças de escolas da região. Da última vez em que participei, contei a estória da "Mulher que vivia numa garrafa de vinagre" (depois eu a coloco aqui) e a criançada da Escola Santa Clara gostou bastante. Difícil foi me deixarem ir embora, ficavam trazendo livrinhos, pedindo para eu contar as estórias... hehehe...
Este ano, estou ainda fazendo a seleção do que quero contar. Uma estória que fez bastante sucesso com a criançada foi a da "Rainha Rabo de Macaco", do Roberto Carlos Ramos, esse contador de estórias mineiro, cuja vida virou um filme que entrará em cadeia nacional de cinemas no dia 07 deste mês.
Bom, mas o tema que eu gostaria de trazer nesta postagem é a forma como as estórias podem ser apresentadas. Como meu personagem é uma cigana, que se movimenta bastante pelo espaço onde a contação está acontecendo, gosto muito mais de contar as estórias, sem recorrer a livros ou bonecos ou outros artifícios semelhantes. Não que eles não tenham seu valor. Têm sim, cada um tem sua proposta e sua função, como veremos adiante, nesse texto retirado de uma bela apostila preparada pelo setor de Evangelização Infanto-Juvenil do Centro Espírita Obreiros do Caminho.
FORMAS DE APRESENTAÇÃO DAS HISTÓRIAS

Estudar uma história é ainda escolher a melhor forma ou o recurso mais adequado para apresentá-la. Os recursos mais utilizados são:
1. A simples narrativa;
2. A narrativa com o auxílio do livro;
3. O uso de gravuras, de flanelógrafos, de desenhos;
4. Narrativa com interferência do narrador e dos ouvintes.

1- SIMPLES NARRATIVA
Mais fascinante de todas as formas, a mais antiga, mais tradicional e autêntica expressão do contador de histórias.
Não requer nenhum acessório e se processa por meio da voz do narrador, de sua postura. Este, por sua vez, com as mãos livres, concentra toda a sua força na expressão corporal. Lendas, fábulas e histórias recolhidas da tradição oral são melhor transmitidas sob a forma de simples narrativa e ainda é a maneira que mais contribui para estimular a criatividade. A utilização de material ilustrativo nos exemplos citados, poderia desviar a atenção do ouvinte, que deve estar fixa no narrador.

2 - COM O LIVRO
Há textos que requerem, indispensavelmente, apresentação do livro, pois a ilustração os complementa. Examinando-se livros onde se destaca a apresentação gráfica e a imagem é tão rica quanto o texto, verifica-se a propriedade do recurso.
Essa apresentação, além de incentivar o gosto pela leitura (mesmo no caso dos ainda não alfabetizados) contribui para resolver a sequência lógica do pensamento infantil.
Devemos mostrar o livro para as crianças virando lentamente as páginas com a mão direita, enquanto a esquerda sustenta a parte inferior do livro.
Narrar com o livro não é propriamente ler a história. O narrador a conhece, já a estudou e a vai contando com suas próprias palavras, sem titubeios, vacilações ou consultas ao texto, o que prejudicaria a integridade da narrativa.

3 - COM DESENHOS
É um recurso atraente no caso de histórias de poucos personagens e traços rápidos. Pode ser desenhado no quadro de giz ou papel de metro.
Aguça a curiosidade dos ouvintes.

4 - COM GRAVURAS
As gravuras favorecem, sobretudo, as crianças pequenas, permitem que elas observem detalhes e contribuem para a organização do pensamento. Isso lhes facilitará mais tarde a identificação da ideia central, fatos principais, fatos secundários, etc.
Antes da narrativa, empilham-se as gravuras em ordem viradas para baixo. À medida que vai contando, o narrador as coloca uma a uma no suporte próprio.

5 - COM O FLANELÓGRAFO
Este recurso é ideal para ser usado nas histórias em que a personagem principal entra e sai de cena, movimenta-se num vai e vem durante o enredo.
Na gravura reproduz-se a cena. No flanelógrafo, cada personagem é colocado, individualmente, ocupando seu lugar no quadro, o que dá a ideia de movimento.
O mais importante nessa técnica é a ação do personagem principal, num movimento constante.

6 - COM INTERFERÊNCIAS DO NARRADOR E DOS OUVINTES
Seja qual for a forma de apresentação, pode-se introduzir a interferência, se o texto a requer ou sugere.
A interferência resulta da criatividade do narrador, que a incorpora ao texto para tornar a narrativa mais atraente. É um excelente recurso quando se trata de público numeroso, em locais abertos, facilitando a concentração dos ouvintes. No entanto, é preciso cuidado para não transformá-la em programa de auditório, pois ela deve surgir em decorrência do enredo e ser mantida em equilíbrio sob o controle do narrador.
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Imagem do blog Peregrina Cultural

Um comentário:

  1. Gabriela, achei muito interessante o seu blog, sem dúvida alguma é um espaço muito interessante para o interior do nosso estado.

    Abraços!

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