segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Conto: Presentes de Natal

Este lindo conto veio do site Bedtime Stories, de Pedro Pablo Sacristán, e eu o traduzi, adaptei e contei para um mundo de crianças e adultos, inclusive na Seresta Natalina do Alto do Moura, um lindo bairro de artesãos de Caruaru, conhecida como a Capital do Forró, famosa pela sua feira, pela sua arte no barro e, claro, pelas festas de São João. Aprovado por todos, compartilho aqui com o coração cheio de alegria pela linda data. Feliz Natal para todos!
OS maiores fabricantes de brinquedos do mundo reunidos na Conferência de Natal
(ilustração de Jaime Espinar Muñoz.)
"Naquele ano, a Conferência de Presentes de Natal estava cheia de transbordar. Na plateia estavam todos os fabricantes de brinquedos no mundo, e muitos outros que não eram fabricantes de brinquedos, mas que ultimamente vieram a ser participantes regulares. Houve também aqueles que, é claro, nunca poderiam perder a conferência; os distribuidores: Papai Noel e os Reis Magos.
Como todos os anos, as discussões lidavam com o tipo de brinquedos mais educativos ou divertidos. Outro tópico comum de conversa era o tamanho em que os brinquedos deveriam ser feitos. Sim, isso era algo sobre que eles frequentemente não se entendiam, porque os Reis Magos e o Papai Noel queixaram-se de que todos os anos os brinquedos estavam ficando maiores e isso estava causando sérios problemas de transporte.
No entanto, algo aconteceu para tornar esta conferência diferente de todas as anteriores. Um menino esgueirou-se e entrou no salão. Nunca criança alguma havia assistido a uma dessas reuniões e quando perceberam que havia um menino sentado ao lado dos Três Reis, ninguém soube dizer realmente há quanto tempo ele estava lá.
Quando Papai Noel estava falando com um importante fabricante de brinquedos sobre o tamanho de uma boneca muito procurada, o homem berrou:
- "Do que você está falando, gorducho?! Se você fosse um pouco mais magro, poderia encaixar mais brinquedos no trenó!"
O menino viu isso, levantou-se e disse:
- "Está tudo bem, não discutam. Eu entregarei tudo o que os Reis Magos e o Papai Noel não puderem carregar."
Os participantes caíram em estrondosa gargalhada e descartaram a sugestão do menino. Enquanto eles ainda estavam rindo, o menino se levantou, uma lágrima caiu do canto do seu olho, e ele saiu do salão cabisbaixo...
Esse Natal foi como a maioria dos outros, um pouco mais frio talvez. Na rua, todos continuavam com suas vidas e nem contavam as histórias e eventos maravilhosos daquela época. E quando as crianças receberam seus presentes, elas nem se ligaram. Parecia que o Natal perdera toda a importância.
Na próxima Conferência de Presentes de Natal, todos estavam preocupados sobre como o Natal parecia estar perdendo sua magia. As discussões começaram mais uma vez, até que de repente apareceu, na porta, o menino de que eles tinham caçoado tanto no ano anterior. Desta vez ele estava com sua mãe, uma linda mulher. Ao vê-la, os Três Reis saltaram de emoção:
-"Maria!"
Eles correram e a abraçaram. Então ela se aproximou do palco, pediu a palavra e disse:
- "Todo ano, meu filho celebrava seu aniversário dando uma grande festa - a maior do mundo - e ele a enchia com seus melhores presentes para crianças e velhos. Agora ele me diz que não quer mais comemorar, que nenhum de vocês realmente gosta de sua festa, que vocês estão mais interessado em outras coisas... Alguém pode me dizer o que foi que fizeram com ele?"
A maioria dos presentes começou a perceber o que eles tinham feito, e onde eles ficaram tão confusos. Um velho fabricante de brinquedos - alguém que nunca tinha falado naquelas reuniões - aproximou-se do menino, ajoelhou-se e disse:
- "Perdoe-me, Senhor. Eu não quero nenhum outro presente além daqueles que você oferece. Embora eu nunca tivesse percebido isso, você estava sempre entregando aquilo que nem os Reis, nem o Papai Noel, nem ninguém, poderia nos dar: amor, paz e alegria. E no ano passado fizeram uma falta tremenda ... me perdoe... ".
Um após o outro, todos foram lá pediram perdão ao menino, admitindo que seus presentes eram os melhores disponíveis em qualquer época festiva; presentes que preenchem os corações das pessoas boas, presentes que tornam cada Natal um pouco melhor...".





quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Conto: "Bula, o viajante"

Bula, o viajante - ilustração de Jaime Espinar
Muitos anos atrás, um grande senhor chamado Bula reconheceu sinais nos céus; sinais que nunca haviam sido vistos antes. Esses presságios anunciaram a chegada do maior rei que o mundo jamais conhecera. Espantado com a perspectiva de tal poder, o rico senhor decidiu partir em busca deste rei, com a intenção de se colocar a seu serviço e assim alcançar uma posição de importância em seu futuro reino.
Reunindo todas as suas riquezas, ele formou uma grande caravana e foi para onde os sinais indicavam. Mas o poderoso senhor não havia se dado conta de quão dura e longa seria a jornada.
Muitos de seus servos adoeceram e o bom senhor cuidou deles, gastando grande fortuna em curandeiros e médicos. Eles atravessaram um país tão seco que os habitantes estavam morrendo de fome às dúzias. O senhor permitiu que essas pessoas se juntassem ao comboio e lhes forneceu alimentos e roupas.
Eles se encontraram com grupos de escravos que eram tão horrivelmente maltratados que o senhor decidiu comprar sua liberdade, o que lhe custou grandes quantidades de ouro e joias. Os escravos, agradecidos, se juntaram ao grupo de Bula.
Tão longa foi a jornada e tantas pessoas acabaram se juntando ao comboio, que quando eles finalmente chegaram ao seu destino, havia restado apenas uma pequena parte das joias; joias que o senhor quis guardar como um presente para o grande rei. Bula então descobriu o último sinal: uma grande estrela brilhante, erguendo-se de trás de algumas colinas, e ele se dirigiu a ela com o que restou de suas riquezas.
"Bula viu o último sinal: uma grande estrela brilhante"
Ele caminhou em direção ao palácio do grande rei e encontrou muitos viajantes mas, contra suas expectativas, poucos deles eram pessoas nobres e poderosas; a maioria deles eram pastores, lavradores e mendigos. Vendo seus pés descalços e pensando no pouco uso que um rei tão poderoso teria para suas poucas riquezas, Bula acabou compartilhando o pouco que restou de suas joias com essas pessoas pobres.
Sem dúvida, seus planos deram errado. Agora ele não podia nem pedir uma posição no novo reino. Bula pensou em se virar e voltar para casa, mas ele tinha passado por tanta coisa para chegar lá que não queria sair sem pelo menos ver o novo Rei do Mundo.
Então ele continuou andando e viu que depois de uma curva a estrada chegava ao fim. Não havia sinal de palácios, soldados ou cavalos. Tudo o que ele podia ver era um pequeno estábulo ao lado da estrada, onde uma família pobre estava tentando se proteger do frio. Bula ficou desapontado por ter se perdido de novo, e ele se aproximou do estábulo, com a intenção de perguntar a essas pessoas se elas sabiam o caminho para o palácio do novo rei.
"Eu trago uma mensagem para ele", explicou ele, mostrando-lhes um pergaminho, "Eu gostaria de servi-lo e ter uma posição importante em seu reino."
Ao ouvir isso, todos sorriram, especialmente um bebê recém-nascido que estava deitado em uma manjedoura. A senhora no estábulo estendeu a mão e pegou o pergaminho, dizendo:
"Dê-me a mensagem, eu o conheço e darei a ele pessoalmente."
E ela entregou o pergaminho à criança que, ao som da risada de todos, apertou-o com as mãozinhas e o mordiscou, deixando-o todo estragado.
Bula não achou isso engraçado. Percebendo que agora ele não tinha praticamente nada, ele caiu no chão, chorando amargamente. Enquanto ele chorava, a mão do bebê tocou seu cabelo. O senhor levantou a cabeça e olhou para a criança. Ele estava sorrindo silenciosamente, e era um bebê tão adorável que Bula logo esqueceu seus problemas e começou a brincar com ele.
E lá ficou ele, quase a noite toda, na presença da pobre família, contando-lhes sobre suas viagens e aventuras e compartilhando com eles o pouco que lhe restava. Quando amanheceu, Bula se preparou para sair, se despedindo de todos e beijando o bebê. A criança, sorrindo como ele havia feito a noite inteira, pegou o pergaminho encharcado e enfiou-o no rosto de Bula, fazendo todos rirem. Bula pegou o pergaminho e o guardou como lembrança daquela encantadora família.
Naquele dia ele começou sua jornada para casa.
Vários dias depois, lembrando-se de sua noite no estábulo, encontrou o pergaminho entre as roupas e abriu-o. A saliva do bebê não deixara rastros da mensagem original. Mas naquele exato momento, enquanto olhava para o papel vazio, gotas de água e ouro enchiam o ar em volta do pergaminho e lentamente pousaram nele. E com lágrimas de felicidade rolando por suas bochechas, Bula leu:

"Eu recebi sua mensagem.
Obrigado por ter vindo e por todos os presentes que você trouxe para meus amigos, que você conheceu no caminho. Eu lhe garanto que você já tem uma ótima posição no meu reino.
Assinado: Jesus, Rei dos Reis"


Fonte: Pedro Pablo Sacristán (Bedtime Stories )
Imagem: Jaime Espinar Muñoz
Tradução: Gabriela Kopinits

Conto: "O semeador de tâmaras"

Esta versão vem do livro El saber es más que la riqueza, de  Silvia Dubovoy O semeador de tâmaras Em um oásis perdido no deserto, o velho El...