Hades e Persephone by Alexandra V Bach |
Esta estória nasceu depois de uma sessão do Storytelling Club da Cultura Inglesa Caruaru, que fiz com alunos de turmas de inglês intermediário e avançado. Usei a técnica do baú do tesouro, onde vários objetos são colocados dentro de um baú (ou uma cesta, uma bolsa, uma caixa, etc). O meu baú dos tesouros tem vários objetos representativos de vários estórias que já contei, como a lâmpada do Aladim, o gorro do Pequeno Polegar, o nariz da bruxa de João e Maria, um anel de cristal "cabelo de fada" (quartzo rutilado), um biscoito encolhedor de Alice no País das Maravilhas, a varinha de condão da Fada Azul de Pinóquio, um colar de sereia, a tikka da Sherazade, o macaquinho que não conseguia dormir, um isqueiro mágico (da estória escrita por Andersen), o bracelete da Pocahontas, a abóbora da Cinderela e um pedaço de arco-íris.
Cada um dos meus alunos tirou um objeto. Pedi que eles olhassem bem seu objeto e imaginassem sua estória, de onde vieram. Depois de alguns minutos, a magia começou o seu trabalho. Cleyton, do Pre-Intermediate, pegou o nariz da bruxa e o anel do cristal "cabelo de fada" e foi quem começou a estória:
"Era uma vez uma mulher muito feia. Ela era muito feia, mas também muito rica. E ela queria se casar com um lindo príncipe. Então, ela foi atrás de uma bruxa na floresta e disse a ela que precisava de algo mágico que a fizesse ficar bonita. A bruxa disse que o que ela queria era algo muito difícil, precisaria de magia muito forte e ela não poderia ajudá-la. Desesperada, a mulher ofereceu tudo que tinha - joias, ouro, dinheiro - mas ainda assim a bruxa recusou. A mulher disse que faria qualquer coisa para se tornar bela.
- Você trocaria seu palácio pela minha cabana? - perguntou a bruxa.
A princípio, a mulher não queria, mas se aquilo era o que a faria conseguir se tornar bela, então que fosse. Ela trocou o seu lindo palácio pela horrenda cabana da bruxa. E a feiticeira deu a ela um anel mágico. Ela deveria deixar o anel exposto à luz da lua e usá-lo no dia seguinte.
A mulher assim fez. Colocou o anel na janela para tomar um banho de lua, mas aí apareceu um macaco...
E Cleyton escolheu dessa forma o próximo contador da estória, escolhendo o objeto tirado do baú do tesouro. Então Janeide, da turma do Advanced, entrou na estória...
O macaco achou o anel tão lindo, brilhando à luz do luar - ele adorava coisas brilhantes - então ele correu e roubou o anel, fugindo pela janela, rápido como um corisco, em direção à floresta.
Na manhã seguinte, quando a mulher acordou, ela percebeu que o anel mágico tinha desaparecido e ela chorou amargamente, pois esse anel era sua única chance de se tornar bela, de conquistar o coração do seu príncipe. Então, ela decidiu procurá-lo, mas, ainda que ela tivesse procurado em todos os lugares, o anel não estava em nenhum lugar. Ela se lembrou que havia uma feira na cidade e talvez ela pudesse encontrar outro objeto mágico para ajudá-la. E lá foi ela...
E Janeide convocou o próximo contador, adicionando a lâmpada mágica do Aladim, o objeto escolhido por Daniela, da turma Upper 1. E Daniela continuou a estória...
Ela comprou uma lâmpada mágica e esfregou-a, até que um gênio apareceu. O gênio disse que poderia conceder-lhe três desejos, mas seu único desejo era tornar-se bela para que pudesse ganhar o coração do príncipe. No entanto, o gênio disse que sua magia não era forte o suficiente para realizar tal milagre, apenas o anel da bruxa poderia fazê-lo. A mulher disse que o tinha perdido. Usando seus poderes, o gênio viu o que aconteceu com o anel e disse-lhe que um macaco o havia roubado na noite em que ela o havia colocava sob o luar. O macaco, no entanto, havia desaparecido, nem mesmo a magia conseguiu encontrá-lo. O gênio então lhe disse que sabia de um pó de fada que talvez pudesse ajudá-la. Ele a levou até o reino das fadas e...
Neste ponto, Daniela escolheu o próximo contador, Élida, do Pré-Intermediário 1, que tomou o pó de fadas mágico como seu objeto. Então Élida entrou na estória.
As fadas deram à mulher uma poção mágica feita com pó de fadas mas que, por mais poderosa que fosse, ainda não podia fazê-la linda, mas poderia fazê-la voltar no tempo. A mulher teve uma ideia, ela iria voltar no tempo até o momento em que o pequeno macaco estava prestes a roubar o anel. A mulher então tomou a poção e voltou no tempo. Ela correu para o anel e o escondeu em um lugar seguro para que o macaco - ou qualquer outra pessoa - não conseguisse pegá-lo.
Na manhã seguinte, estava chovendo e havia um lindo arco-íris no céu. O anel refletia todas as suas cores.
Foi assim que Élida devolveu a estória para mim, que havia escolhido um pedaço de "arco-íris" - um laço colorido, da bandeira peruana de Cusco, a capital do Império Inka.
As cores refletiam não só sobre o anel no dedo da mulher, mas também sobre ela, criando uma ilusão de mágica, uma aura de fadas, tornando-a a mais bela criatura do mundo. Então, quando o príncipe a viu, ele ficou tão encantado, tão enfeitiçado por sua beleza mágica, por todas as cores magníficas que a rodeavam, que imediata e irremediavelmente ele se apaixonou por ela. Eles se casaram e ele fez dela sua princesa. E eles viveram felizes, magicamente, para sempre. E é assim que a estória termina.
Quando terminamos a nossa estória, estávamos tão emocionados, tão tocados pela nossa criação, que bateram palmas, felizes e orgulhosos do nosso trabalho. Posso dizer que foi um dos mais belos momentos de narração da minha vida. Abençoados sejam todos, meus quatro mágicos e encantados cantadores de estórias!
Caruaru, 20 de maio de 2011 / Cultura Inglesa Caruaru
English and original version
A story of magic and love told by four enchanted tellers
Gabriela
the Brazilian Gypsy Storyteller
After telling The Flower of Honesty story,
at our Storytelling Club (every Friday at Cultura Inglesa Caruaru’s Library), I showed my chest
of treasures full of objects borrowed from stories and tales I had told. I
showed all the objects – Aladdin’s lamp, Tom Thumb’s hat, a witch’s nose (from
Hansel and Gretel), a fairy hair crystal ring, an Alice in Wonderland’s
shrinking cookie, the Blue Fairy wand (from Pinocchio), a mermaid’s necklace,
Sheherazade’s tikka, the little monkey that wouldn’t let his dad sleep, a
magical lighter (from the Tinderbox story), Pocahontas’ bracelet, Cinderella’s
pumpkin and a piece of rainbow – and asked each one to choose an object.
Cleyton – from Pre-Intermediate –
picked a witch’s nose and a fairy hair crystal ring and began weaving the
story…
Once upon a time there was a very ugly woman. She
was very ugly but also very rich. And she wanted to marry a beautiful prince.
So she went after a witch, in the forest, and told her she needed something
magical to make her beautiful. The witch said what she wanted was something
very difficult, needed a lot of magic and she couldn’t help her. Desperate, the
woman offered everything she had – jewels, gold, money – but still the witch
refused. The woman said she would do anything to become beautiful.
- Would you trade your palace for my hut? – asked
the witch.
At first, the woman didn’t want but if that was
what it would take for her to become beautiful, so be it. So she traded her
beautiful palace for the horrible witch’s hut. And the witch gave her a magical
ring. She should put the ring under the full moon light and wear it the next
day.
The woman did as she was told and put the ring at
the window so it would catch the moonlight but then there was a monkey…
And Cleyton chose the next
storyteller by prompting another object: a little toy monkey. So Janeide – from the Advanced class – stepped in.
The monkey found the ring so beautiful, shiny with
the moonlight – he loved pretty shiny things – so he ran and stole it. And
through the window the little monkey went, speedy as light, heading for the
forest.
The next morning, when the woman woke up, she
realized the magical ring was gone and she wept bitterly, for that ring was her
only chance of becoming beautiful, of conquering her prince’s heart. So she
decided to look for it, but, even though she searched everywhere, the ring was
nowhere to be found. She remembered there was a town fair and maybe she could
find another magical object to help her. And there she went.
And Janeide prompted the next
teller, by adding a magical lamp, the object chosen by Daniela, from Upper 1
class. And Daniela continued the story…
She bought a magical lamp
and rubbed it, until a genie appeared. The genie said he could grant her three wishes
but her only wish was to become beautiful so that she could win her prince’s
heart. But the genie said his magic wasn’t strong enough to perform such a
miracle, only the witch’s ring could do it. The woman said she had lost it.
Using his powers, the genie saw what had happened to the ring and told her that
a monkey had stolen it on the night she put it under the moonlight. The monkey
had disappeared, not even magic was able to find it. The genie, then, told her he knew of a fairy dust that maybe could help
her. So he took her all the way down to fairyland and…
At this point, Daniela chose the
coming teller, Élida, from Pre-Intermediate 1, who had taken the magical fairy
dust as her object. So Élida stepped in.
The fairies gave the woman
a magical fairy dust potion that, powerful as it was, still couldn’t make her
beautiful, but could turn back time. The woman
had an idea, she would go back in time until the moment the little monkey was
about to steal the ring. So the woman drank the potion and went back in time.
She ran to the ring and hid it away, in a safe place, so the monkey – or
anybody else – couldn’t get it.
The next morning, it was raining and there was a
beautiful rainbow at the sky. The ring reflected all of its colours.
That´s how Élida got back to me,
who had ended up with a piece of “rainbow” – a coloured lace, from the
Peruvian’s Cusco’s flag.
The colours reflected not
only on the ring on the woman’s finger but also on her, creating an illusion of
a magical, fairy aura, making her the most beautiful creature of the worlds. So
when the prince saw her, he was so enchanted, so bewitched by her magical
beauty, by all the magnificent colours surrounding her, that immediately,
helplessly, he fell in love with her. He married
her and made her his princess. And they lived happily, magically, ever after.
And that’s how the story ends.
When we finished our story, we
were all so moved, so touched by our creation that we clapped our hands, happy
and proud of our work. I can tell you it was one of the most beautiful
storytelling moments of my life. Blessed be them all, my four magical,
enchanted tellers!
Caruaru, 20th May 2011 / Cultura Inglesa Caruaru
https://culturainglesacaruaru.wordpress.com/2011/05/22/a-story-of-magic-and-love-told-by-four-enchanted-tellers/
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