Esta versão vem do livro El saber es más que la riqueza, de Silvia Dubovoy |
O semeador de tâmaras
Em um oásis perdido no deserto, o velho Elias semeava tamareiras
e, enquanto cavava na areia, Hakim, um rico mercador, parou para dar de beber a
seus camelos.
- Que a paz esteja contigo! – disse o mercador ao passar por
ele.
- E contigo também! – respondeu Elias, sem parar sua tarefa.
- Que fazes aqui, com este calor e esta pá nas mãos?
- Estou plantando tâmaras.
- Tâmaras??? – repetiu o mercador, fechando os olhos como
quem acabava de escutar a maior de todas as maluquices. – Acho que o calor está
fazendo mal à sua cabeça, deixa de plantar isso aí e vamos à minha tenda. Ali
te darei um copo de água ou uma taça de licor.
- Não, devo terminar de plantar essas sementes. Irei depois
te encontrar e então beberemos juntos.
- Diga-me, amigo, quantos anos tens? – perguntou o mercador.
- Não sei, acho que uns setenta. – disse o velho Elias.
- Lembra-te que as tamareiras demoram muito a crescer.
Somente as palmeiras adultas estão em condições de dar fruto e dificilmente
poderás chegar a colher o que hoje estás semeando.
- Veja, Hakim, eu comi as tâmaras que outro semeou, outro
que tampouco sonhou com provar suas frutas. Eu semeio hoje para que outros
possam comer amanhã o que hoje eu plantei.
Aquilo deixou Hakim muito pensativo.
- Elias, tu me deste uma grande lição. Permita-me que te
pague essa profunda lição com uma bolsa de moedas de ouro.
E Hakim deu ao velho Elias uma bolsa de couro pesada, cheia
de moedas de ouro.
- Caro amigo, agradeço pelas moedas. Tu me predizia que não
chegaria a colher do que semeava, no entanto, ainda nem terminei meu plantio e
já colhi uma bolsa de moedas de ouro e a gratidão de um amigo.
Hakim riu-se da sabedoria do velho Elias.